Talvez hoje tenho falado mais, escutado menos, lido um pouco melhor, rido mais por coisas menos óbvias, e até me encarregado de ser um pouco mais ousada. Estou tentando, digo menos se foi conseguido. Certa parte não concordo, mas a cada dia venho vivendo mais a mim, e matando mais a importância aos outros. Me contexto, me ralho, me odeio, e pelos meus cálculos hoje eu teria de ser mais céptica, e gostaria, mas não sei o que em mim faz com que eu agarre tão ferozmente a estes meus princípios. Pois se mudo de idéia, enjôo da rotina, e descasco sentimentalismo, deveria arrancar estes meus princípios tão primórdios, que me faz de boazinha à sem graça.
Ta certo, ainda não estou apta a discernir o certo do arriscado, no entanto julgo-me na melhor fase a testar meus limites e erros: ainda novinha, dependente dos meus pais, saúde de ferro, carinha de santa e menor. Um prato feito pras minhas confusões! Contudo escolho o mais, me ponho em risco e os pés pelas mãos, e ainda sinto muito medo, ainda assim me cobro bastante, temo autoridades e aos mais velhos. Grande bosta! Exerço continuamente minha insegurança, assim busco saber para não mais sentir, mas tudo quase não sai do lugar. Faço uma força enorme, para no final do dia eu reconhecer que ainda fui a mesma.
Agora já sinto uma enorme necessidade do meu companheiro, o acendo, trago com si os meus pensamentos, porém ainda sinto medo de ser descoberta, de rotularem aquilo que julgo ser neutro, neste momento falo mim. Procuro grupos, pessoas, palavras, sentimentos... Que droga! Me perdi mais uma vez!
Não acho, não sei, não caibo, mais uma vez, não falo nada. Mais uma vez, me cobro. E no ápice do meu isolamento confundo, nego, subestimo. Mais uma vez o problema começa comigo e termina com mim mesma, mais uma vez tento me manter afastada dos demais e culpo-me por essa convivência tão acirrada, que são entre estas mil pessoas que se ocupam dentro mim, e graças a Deus são mil pessoas que ainda assim sou eu.
E agora que resolvi me dar férias ele reaparece. Mas eu já tinha lhe contado que sou uma pessoa inteiramente apaixonada! É, no sentido de conseguir caber tudo em mim, desde uma pedra até desconhecidos nas ruas, consigo ama-los como se fosse a primeira vez e a última da minha da vida. Aprendi muito cedo e por minhas forças esse exercício.
Em um tempo em que vivia muito sozinha consegui desenvolver essa coisa que possa se dizer que é quase um dom; eu não me exigia ser amada mas, amar primeiro. O que me ajudou bastante foi que por estes mesmos dias, eu acordava todo dia bem cedinho e sozinha fazia uma longa caminhada até minha escola, e aquele inverno pode acrescentar muito calor dentro de mim. Atravessava o campinho e as únicas coisas que se ouviam eram meus passos estrangeiros, mau conseguia enxergar um palmo a minha frente, já que todas as manhãs eram cercadas pela densa neblina, e ela por si só adorava brincar de pique esconde comigo, levantava e baixava suas cortinas me apresentando com detalhes cada ato de seu espetáculo.
Há tudo aquilo eu conseguia descobrir; e você há de concordar que ver a mesma coisa todos os dias não é o mesmo que descobri-la. E então tudo ali apurava com muita intensidade todos os meus sentidos, e desta vez eu não me perguntei o por que, eu só me punha no lugar de cada Sabiá, quebra-mola, galhos, grades, torres de energia... Conseguia senti-los e agradece-los a cada segundo por mim, amava-os com espanto e medo, pois sabia que quanto mais eu seguia, mais coisas novas surgiam e mais me encantaria. E o que eu faria com todo aquele caminho que já deixara para trás? Ironia ou não, ao olhar para trás a neblina certeira já teria o incuberto. E mesmo que meus olhos não os alcançasse mais, eu sabia que tudo continuava ali, no mesmo lugar que eu acabara de passar, e que esta neblina era só questão de uma estação.
Desde então, consigo amar cada um como se fosse uma unica exceção, que cada coisa que existe tem, que cada coisa há consigo, mesmo que escondido, mesmo que ninguém tenha visto. Uma unica exceção de amor, de cumplicidade e o mais difícil, de compreensão. E não te preocupas dias de inverno, pois um dia eles também vos descobrirão.
Me sinto encurralada, um relógio, o fundo de um poço, pra ser mais precisa me sinto como uma bomba, uma bomba nuclear, destruindo tudo vejo a minha frente, matando milhões de sonhos inocentes. E em apenas alguns segundos tudo acaba, me deixo envolver por todo o sofrimento a minha volta, e me sinto sem força alguma para reconstruir toda essa nação.
Mais uma vez pelo altíssimo calor do fogo, ele como sempre tomando a frente da minha guerra e transformando tudo tão rapidamente em cinzas. Toda aquela nação de sonhos que ali foi criada pelos meus ascendentes, parece não ter mais jeito... Mas posso lhes dizer que foram eles os governantes das minhas guerras, os próprios ponteiros do meu relógio, o meu labirinto, a nascente do meu poço. E ainda me repetem incessantemente que tudo isto é em prol do bem, do meu bem.
Não da pra entender porque é preciso um governante tão ditador, e pior, nos enganam sempre dizendo que vivemos em uma democracia. Ora bolas, não estou pedindo que isso vire uma bagunça, afinal eu, pelo menos eu assumo que preciso de regras para viver, porque senão acabo me enrolando a tanta libertinagem. Porém também não vos peço uma ditadura, acho que pode haver sempre um acordo universal, mesmo que em outras nações não os cumpram a risca... De certo modo haveria mais paz.
E vos desabafo que se ainda hoje me sinto assim, é por conta de uma mau organização de Estado, é, lá no princípio dos tempos, talvez muito mais antes que eu imaginava... E tudo isso vem passando de geração em geração.
Ao chegar a esta conclusão começo a refletir que talvez isso não seja tão maior culpa dos nossos últimos governantes, até porque estes também precisam do seu povo ao invés de receberem só cobranças.
Então, na trégua da guerra ressurge uma compreensão, ah! E também uma infinita esperança, pois está próximo o dia em que eu assumirei o posto de governante da minha própria nação, e certamente verei que a guerra maior não estava dentro da minha casa.
As palavras ficam soltas, a boca esvazia, os neurônios tinam, os olhos vidram, e o resto do corpo não há. No centro ele se neutraliza, para que você se sinta a vontade para entrar e bagunçar o resto de tudo que sempre deixei bagunçado mas, trancafiado. Fui assim evidentemente atraído pelo seu polo norte magnético.
Minha alma passeia, rodeia entre teu campo, enquanto a tua já penetraste até o centro, com toda intensidade no meu ser, deixando-me gélida e atraindo muito mais do que eu precisava. Na verdade tua alma era apenas mais uma forasteira, roubava toda força que precisava de mim, sem medo e como algo obvio demais.
E eu tão frágil, que fui sempre estancada neste polo, não pedia nada a tu, desta vez apenas cedi. E qualquer que fosse um outro pedido, era encarado como gratidão por este teu polo tão bravio. E a unica coisa que eu queria no meio daquela tua uniformidade, era a tua paz. Coisa que tu me ensinaste pouco a pouco ter sozinha, e cada vez menos em comunhão com tu.
Depois que eu nos dividi ao meio, obtive ainda mais dois ímanes, bem menores, porém eles também tinham lá o seu polo norte. Pois foi que eu vi que esses eram pequenos demais pra mim, e não conseguiam me dar a energia necessária, mesmo que monótona, mas que eu insistia em ser bom pra mim. Foi então que eu vi que os dipolos não poderiam ser separados. Pois que a tua cede em atrair era notável. E tu poderia sabotar nossa forma singular.
Porém não acreditava que poderia ainda querer atrair outros polos, talvez só alguns fluidos para nosso campo... E foi ai que eu descobri que existia outro polo sul, desta vez e tão somente desta, esse polo o atriu. Piada, ironia do destino! Pois todos sabem que só o polo norte é que pode atrair o sul.
Então, ao tragar um pouco da tua paz acho que enfim consegui evolucionar-me, igualar-me a estes teus "polos" tão agreste. E como dois polos magnéticos iguais, agora só restava nos repelir um ao outro.
Já estou cansada das pessoas, cansada desse sistema medíocre, dessa mídia que te absorve e te torna escravo do capitalismo, dessa monarquia que te cerca em todos os lugares e te deprime, te soca, e diz todos os dias o quanto você é submisso a tudo isso. Me sinto esgotada dessa comunhão que se faz o tempo todo em pirâmide. O bonito, o modinha, o rico, o popular, o pegador, o super adolescente em desenvolvimento (alcoólatra e drogado), o robusto, ou aquele mega "alternativo" que já leu todos os livros em lançamento, assistiu todos os filmes de Johnny Depp e é fã dos Beetles.
Isso tudo faz parte de uma fase, e acredito que todo mundo já passou ou passa por ela. E é claro que me enquadro neste âmbito. Afinal, são coisas que estão ai para você viver, aprender e amadurecer. E ai de mim recrimina-los, cada com o seu livre arbítrio, e não confunda a minha revolta nostálgica com preconceito, pois isso é uma coisa que eu não possuo, nem de corpo e nem de alma.
Mas a essas pessoas de nada adiantaria ouvir do monge mais sábio que não é por esse caminho, de nada vai adiantar ele te dar o mapa certo do caminho mais curto ao encontro do tesouro. Porque tu ficará tão impressionado com todas as possibilidades e devaneios que encontrará no caminho, que certamente se perderá na melhor parte dele. A parte de transição do "por aqui tu não podes" para "daqui pra frente é você quem decide". E ainda há aquele que nunca passará sequer por essa dadiva, quanto mais parar no meio de uma caminhada para admirar uma flor ou uma das fases da lua. Esses serão para sempre conformados e iludidos pelo cinza, botões, luzes sem vida e as que tiram vidas.
Me pergunto para onde vão os faróis, os gritos, as folhas? Para aonde corre as nuvens, a felicidade, as crianças?
A cada dia posso dar-lhes uma resposta diferente. E me preocupo a me fazer mais perguntas e mais ainda em responde-las com franqueza. Me ocupo com essas e outras questões inusitadas. Melhor do que me preocupar com a roupinha do fulaninho. Tudo bem, eu admito! Também deveria me preocupar muito mais com política, vestibular ou com a globalização. Mas isso envolve muitas pessoas, e ultimamente elas estão conseguido me enojar, profundamente. Então para sair à rua e não ter náuseas ou crises de risos, eu ponho uma música bem agradável, me olho no espelho e digo: Garota, tu é foda! Dai caio na gargalhada e me sinto uma derrota. Desço meu elevador e concentro as minhas forças. Passo do portão e não vejo mais ninguém, tudo a minha volta é só barulho. E é ai que começo meu interrogatório, me entretendo até meu destino.
Sempre me achei sozinha, ao ponto de pensar inúmeras vezes que se um dia eu tivesse a audácia de cometer alguma besteira, ninguém daria falta desse trapo. Minha mãe? Minha familia? Ah, esses na certa iriam acabar se habituando a rotina, mais uma vez.
E então, como na vida de qualquer um, a minha também não foi só flores! Muito pelo contrário, eu a via como um martírio sem fim. Oh! Coitada de mim. E sempre fazia litros de lamentações... Por tudo eu sofria demais, chorava até por não sei o que. Eu mesma já não me aguentava mais. Pra tudo tem um limite! E para as minhas bad's não havia, a não ser uma semaninha de folga no máximo, estourando. Pois já na outra, estava eu, sofrida, melancólica, fazendo a maluca no quarto, trancada a sete chaves.
E só quem me aturou todo esse tempo, foram vocês! Meus irmãos em outras vidas, com certeza!
Bastava uma visitinha, um telefonema, uma mensagem que fosse, eu já me sentia ótima. Sempre me aconselhando, todos vocês fizeram parte do meu desenvolvimento, e com certeza dos melhores dias e momentos da minha vida. Com vocês eu passo a maior parte do dia e certamente fazendo planos para o futuro, falando besteira, rindo, chorando, aprendendo, ensinando, brigando e fazendo as pazes. Como se fossemos mesmo uma grande familia!
Ah como eu queria um casão pra morar junto com todos vocês... Assim eu nunca mais precisaria gastar dinheiro indo em festas sem emoção ou baladas sem noção. A melhor festa do mundo ia ser sempre no nosso lar. Assim como sempre, as melhores festas são com vocês.
E se todo mundo sonha em formar uma familia, com pai, mãe, filho, cachorro e papagaio. O meu é esse: Conseguir enfiar todo mundo na minha casa, e cuidar de cada um de vocês, assim como vocês tem cuidado muito de mim durante todo esse tempo, principalmente nos últimos anos. Então eu lhes prometo fazer a melhor comida do mundo! Prometo cobrir vocês a noite! Prometo dar meu ombro e meu ouvido quando brigar com o namorado(a), a noite toda se for preciso! Prometo fazer cafuné todos os dias! Prometo também brigar do banheiro sujo e da louça na pia... Mas você poderá levar bebidas e fazer festinhas a qualquer dia, sem se preocupar com a bagunça de depois (portanto que cada um faça a sua parte, é claro).
Quero também informar que nesse cafofo a minha familia será a mais maluca e diferente possível, e sem preferências do irmão mais velho pra irmã mais rebelde. Aqui todos serão diferentemente iguais! E ninguém falará do sujo ou do mal lavado, a não ser por uma pitadinha de ciumes. Ok, aqui eu posso confessar ter as maiores iras de ciumes por amigos, acredite! Vocês são só meus, pronto e acabou!
Tenho melhores amigos pra tudo: pra sair, pra gosto musicais, pra segredos, pra beber, pra estudar, pra ri, pra contar pra todas as horas, pra ser mãe, pra ser enfermeira, pra chorar... Ufa! Acabo de descobrir que tenho os melhores amigos do mundo! Todos de jeitos super diferentes do outro. Amigos totalmente incomuns... Mas quando comigo, cada um deles me completa de um jeito.
Ah, não esqueça de agradecer a mãe de vocês por terem postos no mundo. E ai vai mais um salve ao destino e ao acaso que uniram vocês a mim. J-A-M-A-I-S esquecerei do amor de cada um!
Desconfiei que era eu, mas como já era costumeiro te culpar e a culpar a eles também, preferi hibernar em lamentações. Mais uma vez. Não mudei em nada. Posso dizer que apenas despertei. Pena que quando eu acordei estava deitada e assim quis permanecer.
Eu não sei o que é. Está escondido por trás de verdades, das minhas. Coisas que ainda não vivi, não sei, não percebi.
Estranho está sendo si contradizer o tempo todo... Não! Estranho é ter coragem de enxergar! Acredite...
E o mais estranho é caber em qualquer um, mas não caber a si próprio.
Melhor sozinho. Assim tenho mais tempo para apresentar-me, trocar ideias, encantar-me e enfim descobrir-me.
Mas uma vez acho que não estou muito certa dos meus planos; Como eu quero descobrir verdadeiramente algo que se transforma o tempo todo? Então não passarei senão de idéias e lembranças sempre incertas.
Então sozinho não sou.
Sou solta, despreza do mar cego e quebrante.
Por isso é tão difícil, pois minha caixa preta já tem barulho o suficiente, até para as vezes eu acreditar que entrei em curto, hoje talvez bem menos. Barulhos estes que o resto do cardume prefere não ouvir e/ou si espantarem, assim continuam a seguir sincronizadamente com o resto, como se tudo fosse absolutamente normal.
Tenha força! Eu me repito.
Pois agora isso tudo não me caberá mais tão confortavelmente, e então será como uma roupa que não me serve mais.
E o que você faria nesse caso? Compraria outras? Passaria essa a diante?
Bem, eu pelo menos procuro a entender como é feito, e então eu mesma posso fazer uma que me caia bem, talvez eu também ouse e crie peças novas, como gosto muito de fazer. Mas nunca esqueço que um dia aprendi e ainda estou aprendendo, lentamente, com novos instrumentos.
E mesmo assim, hoje meus olhos teimam em cair em armadilhas, coisas que dia após dia são impostas a acreditarmos, se continuarmos nesse ritmo, olhando-as fixamente sem ao menos indaga-las.