Qualquer maneira de amor valerá

Postado por Mell Galvanho , sexta-feira, 6 de agosto de 2010 14:43

E agora que resolvi me dar férias ele reaparece. Mas eu já tinha lhe contado que sou uma pessoa inteiramente apaixonada! É, no sentido de conseguir caber tudo em mim, desde uma pedra até desconhecidos nas ruas, consigo ama-los como se fosse a primeira vez e a última da minha da vida. Aprendi muito cedo e por minhas forças esse exercício. 
Em um tempo em que vivia muito sozinha consegui desenvolver essa coisa que possa se dizer que é quase um dom; eu não me exigia ser amada mas, amar primeiro. O que me ajudou bastante foi que por estes mesmos dias, eu acordava todo dia bem cedinho e sozinha fazia uma longa caminhada até minha escola, e aquele inverno pode acrescentar muito calor dentro de mim. Atravessava o campinho e as únicas coisas que se ouviam eram meus passos estrangeiros, mau conseguia enxergar um palmo a minha frente, já que todas as manhãs eram cercadas pela densa neblina, e ela por si só adorava brincar de pique esconde comigo, levantava e baixava suas cortinas me apresentando com detalhes cada ato de seu espetáculo.
Há tudo aquilo eu conseguia descobrir; e você há de concordar que ver a mesma coisa todos os dias não é o mesmo que descobri-la. E então tudo ali apurava com muita intensidade todos os meus sentidos, e desta vez eu não me perguntei o por que, eu só me punha no lugar de cada Sabiá, quebra-mola, galhos, grades, torres de energia... Conseguia senti-los e agradece-los a cada segundo por mim, amava-os com espanto e medo, pois sabia que quanto mais eu seguia, mais coisas novas surgiam e mais me encantaria. E o que eu faria com todo aquele caminho que já deixara para trás? Ironia ou não, ao olhar para trás a neblina certeira já teria o incuberto. E mesmo que meus olhos não os alcançasse mais, eu sabia que tudo continuava ali, no mesmo lugar que eu acabara de passar, e que esta neblina era só questão de uma estação.
Desde então, consigo amar cada um como se fosse uma unica exceção, que cada coisa que existe tem, que cada coisa há consigo, mesmo que escondido, mesmo que ninguém tenha visto. Uma unica exceção de amor, de cumplicidade e o mais difícil, de compreensão. E não te preocupas dias de inverno, pois um dia eles também vos descobrirão.

Nação dos sonhos

Postado por Mell Galvanho , quinta-feira, 5 de agosto de 2010 10:22

Me sinto encurralada, um relógio, o fundo de um poço, pra ser mais precisa me sinto como uma bomba, uma bomba nuclear, destruindo tudo vejo a minha frente, matando milhões de sonhos inocentes. E em apenas alguns segundos tudo acaba, me deixo envolver por todo o sofrimento a minha volta, e me sinto sem força alguma para reconstruir toda essa nação.
Mais uma vez pelo altíssimo calor do fogo, ele como sempre tomando a frente da minha guerra e transformando tudo tão rapidamente em cinzas. Toda aquela nação de sonhos que ali foi criada pelos meus ascendentes, parece não ter mais jeito... Mas posso lhes dizer que foram eles os governantes das minhas guerras, os próprios ponteiros do meu relógio, o meu labirinto, a nascente do meu poço. E ainda me repetem incessantemente que tudo isto é em prol do bem, do meu bem.
Não da pra entender porque é preciso um governante tão ditador, e pior, nos enganam sempre dizendo que vivemos em uma democracia. Ora bolas, não estou pedindo que isso vire uma bagunça, afinal eu, pelo menos eu assumo que preciso de regras para viver, porque senão acabo me enrolando a tanta libertinagem. Porém também não vos peço uma ditadura, acho que pode haver sempre um acordo universal, mesmo que em outras nações não os cumpram a risca... De certo modo haveria mais paz.
E vos desabafo que se ainda hoje me sinto assim, é por conta de uma mau organização de Estado, é, lá no princípio dos tempos, talvez muito mais antes que eu imaginava... E tudo isso vem passando de geração em geração.
Ao chegar a esta conclusão começo a refletir que talvez isso não seja tão maior culpa dos nossos últimos governantes, até porque estes também precisam do seu povo ao invés de receberem só cobranças.
Então, na trégua da guerra ressurge uma compreensão, ah! E também uma infinita esperança, pois está próximo o dia em que eu assumirei o posto de governante da minha própria nação, e certamente verei que a guerra maior não estava dentro da minha casa.